"Quando sua realidade particular é desafiada, ela cede à verdade."

What if I say I'm not like the others?
What if I say Im not just another one of your plays?
What if I say I will never surrender?

sábado, 18 de junho de 2011

Pride


Eu olho para trás.
Hoje é sobre mim...
Hoje é sobre como...
Eu vivi a maior parte da minha vida completamente perdido. Eu me sentia em meio a um furacão.
Eu me senti muitas vezes no olho de um furacão. E eu não conseguia entender, não conseguia fazer escolhas.
Eu me sentia perdido e sozinho. Muito, sozinho de um modo estúpido, que hoje vejo não ter qualquer sentido.
Eu tinha esse desespero adolescente de achar alguém que me entendesse, essa raiva de nada, sem produção, com o único propósito de dispersar ao encontrar alguém que realmente me entendesse, e então eu não estaria mais sozinho. E eu procurei isso dos mais diversos modos, pelo gosto musical, pelo desenho, pelas atitudes, vestimentas, e todos os outros detalhes que eu considerava fundamentais...e todas elas me levaram a um período de existência infernal, e algumas se mostraram as escolhas mais imbecis que eu pude fazer... e quando eu decidi não procurar, quando entendi que eu deveria a mim a companhia e não aos outros o dever de me sentir bem comigo, acabei achando, pessoas que se mostraram perfeitas e capazes. E a melhor companhia de todas, branca branca.


Eu era uma criança assustada. Assustada de um jeito imbecil. E não é uma metáfora, é sério. Eu era o tipo de criança que tinha medo de tudo. Eu assisti Jurassic Park e fiquei 1 semana sem dormir. Se eu visse sangue, eu chegava ao ponto do desespero completo. Eu não sabia o que fazer. E tem algo que me fez passar por cima desses medos. E esse algo na verdade é o que me fez o que sou hoje, pelo menos para as coisas boas. Meus pais.
Eu tinha um pesadelo atrás do outro, vivia chamando meus pais parar dormirem comigo, os atormentava com todo tipo de medo e desespero. Eu era um saco. Eu tinha medo, mas queria ver os filmes de terror... um dia meus pais disseram que se eu queria ver bem, mas que eu iria ter que ficar sozinho, que não era pra chamá-los por que eles não iriam lá. E eu assisti. E foi uma longa noite. Foram longas noites, após filmes e mais filmes...e eu aprendi.

(...)
Eu era esse adolescente imbecil, que vai bem na escola e acha que sabe alguma coisa, mas nunca fui do tipo exibido. Eu era do tipo reservado. Na verdade, eu ainda sou, e o simples fato de escrever isso me arranca um pedaço de carne. Mas antes eu era reservado do tipo imbecil, que não compartilhava nada que sentia ou achava, e guardava as coisas que eu sabia para mim e para as provas que fazia. Hoje em dia eu ainda guardo as coisas pessoais. Isso aqui é a exceção dentro da exceção. Eu odeio falar de mim...mas não hesito em falar o que penso, as pessoas passam por cima de você quando você não o faz. Às vezes é bom colocá-las no lugar delas. Mas desde criança eu era do tipo autista. Eu guardava tudo, e achava que minha vida era um tormento. E realmente era, para os meus pais. Eu sempre achava que tudo tinha que ser argumentado e discutido, e não conseguia parar e respirar antes de falar as coisas, atitude que critico tanto hoje, quando pessoas discutem e falam antes de parar para pensar nas coisas. Eu era assim, e meus pais sofreram muito com isso. Imensas brigas e discussões, por conta das imbecilidades que eu fazia. Eu espero nunca mais fazê-los passar por isso, e hoje vejo o quanto os fiz sofrer a troco de nada.

Eu cresci sendo esse adolescente imbecil, procurando essa pessoa perfeita que nunca iria chegar. Foi preciso muita cara na parede, e uma certa moça "velha" pra me mostrar algumas coisas, e mais incrível ainda, foi poder mostrar algumas coisas para ela eu mesmo, depois de um tempo. Acho que um dos grandes pontos está nisso... eu me vi desesperado, e enchendo a paciência de um monte de gente a troco de nada. Mas eu cresci e fui melhorando...
E um dia eu aprendi que estar sozinho era o máximo. Que ser deprimido era coisa pra gente fraca, e que eu nunca vi meus pais em desespero, mesmo nas situações mais drásticas. Eles sempre se levantaram e encararam as coisas, e me mostraram como duas pessoas conseguem ser felizes e viverem juntos, e como as pessoas fortes são.
Meus pais nunca foram do tipo que tiverem piedade de nós. Se eu tinha um problema e fazia algo errado, eu era castigado por ter errado, mesmo que tivesse um problema. Minha mãe e meu pai nunca me abraçaram quando eu terminava um namoro e ficava triste. Eles nunca tiveram pena de mim, pena essa que muitas vezes eu queria, confundindo com compreensão.
E hoje eu vejo o quanto isso foi importante na minha vida. O quanto eu consegui fazer distinções por conta disso. E o quanto na verdade eles estavam sendo quentes comigo, ao invés de frios como era de se dizer à primeira vista. Minha mãe nunca errou, e não erra até hoje, para perceber quando tenho um problema, ou quando estou triste. Ela sempre conseguiu distinguir, e sempre me exigiu calma nos momentos de desespero e raiva, e aquilo me irritou muitas vezes. Hoje eu vejo que calma é o elemento essencial. Que manter a calma é a maior virtude dos fortes, que seus olhos precisam saber para onde mirar e atirar, e que ter raiva de algo e não fazer nada é permitir que algo ocorra novamente.
Meus pais me ensinaram tudo que eu sei de melhor, e é por eles que eu aguentei as barras que eu não gosto de dividir, mas que valeram a pena, porque desistir não consta no vocabulário deles, e não pode constar no meu, e eles nunca iriam me julgar se eu dissesse que era muito difícil e que eu não queria mais tentar. Mas o meu pai sempre me disse, que sem lutar a gente não consegue nada, e eu aprendi a lutar. Se eu desistisse ali, seria como dizer a eles que eu não tinha aprendido. Eu sempre quis dar orgulho a eles, porque eu sempre tive orgulho deles.

Meus pais me mostraram que eu tenho que lutar.
E que eu tenho sempre que pensar nos vários lados de uma história, que eu tenho que pensar no que estão pensando da mesma situação.
Eles me mostraram que pena é algo terrível, e que ser merecedor dela é pior ainda.
E que querer pena dos outros para si, é deprimente, e não é para nós.
Minha mãe me mostrou como amar alguém, como seguir em frente nas piores situações, e aprender a passar por cima dos seus erros e dos outros, e não parar mesmo quando as pessoas em quem você mais confia te traem.
Meu pai me ensinou que as pessoas mudam, e que aprendem, e que ele consegue ser a pessoa mais feliz e bem humorada que eu conheço, mesmo trabalhando 15 horas por dia longe da família que ele tanto preza.
Minha mãe me mostrou como se preocupar com os outros, e como entender mais de um lado sem tornar a sua visão a única correta.
Meu pai me mostrou como ter calma mesmo quando te agridem, e saber a atitude correta a ser tomada, mesmo quando um imbecil te soca sem razão.
Minha mãe me mostrou como queimar tudo a volta, mesmo nas situações mais desesperadoras. Meu pai me mostrou como tornar tudo a sua volta seu, como conquistar aquilo que quer sem ter que pedir nada a ninguém.
Minha mãe me mostrou como manter a linha em tudo, e como ser alguém que mereça respeito sem pisar em ninguém.
Meu pai me mostrou como ser um homem de verdade, e como tratar uma mulher.
Minha mãe me mostrou o que é ser uma mulher de verdade, e todo o respeito que ela merece.
Meus pais me mostraram como ser o melhor no que se faz e ser o melhor profissional da sua área, como retirar fornadas e mais fornadas de alunos que aprendem a ler cada vez mais rápido e mais novos e a amar e ser amada por cada um desses pequenos demônios em forma de crianças, e em como marcar a vida de cada um deles pra sempre, e ainda saber o nome e o rosto de todos eles. E como é recompensante tanto trabalho duro, não interessando a origem ou classe social deles. Com a minha mãe eu aprendi a não ter qualquer tipo de preconceito, e a ter orgulho disso. E aprendi a nunca me colocar como completo, sabendo sempre ir atrás de algo novo e transformar aquilo que faço para ser o melhor sempre.

E ver como é duro encarar estradas e mais estradas, e um perigo sem fim, e como levantar a cabeça dia após dia longe daquilo que mais se ama, longe da sua família, para trazer o de melhor para eles. E mostrar para seus filhos o que é ser um homem e um cavalheiro, e como ter sempre um sorriso no rosto, e disposição para te levar e buscar onde quer que seja, sem você sequer pedir. E emprego após emprego, ser o melhor empregado, o melhor vendedor, saber conversar e resolver os problemas, e se reerguer nas piores situações. Com meu pai eu aprendi a perseverança de quem nunca se cansa, mesmo na exaustão. E aprendi a nunca me desesperar com os meus problemas, e não descontar em quem não merece os males das minhas preocupações.

Com os dois eu aprendi a ter esse sorriso no rosto, mesmo trabalhando uma infinidade de horas, sabendo que é para algo melhor, e que vale a pena se esforçar para isso. Eu vi na minha mãe o Amor, e no meu pai a Paixão, e vi em ambos a força, e vi nos dois unidos a dedicação e a força inquebrável daqueles que são os maiores amigos que alguém pode ter. E vi os exemplos do que eu posso ser de melhor, e a ter orgulho do que eu sou, sempre me cobrando o máximo possível, pois com exemplos como eles, eu não sou um décimo do potencial que eles me deram.

Atenciosamente, Chakal.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sin




Meu deus não é o que eu quero...
Eu não peço nada a deus, não rezo por nada.
Mas meu deus não é o deus que eu quero.
Eu queria um deus de Ira, um deus de Fúria, Raiva, Rancor e Destruição.
Queria um deus cujo apelido fosse Morte.
Queria um deus que com um simples sussurro fizesse homens explodirem.
Queria um deus vingativo, que trouxesse sobre o mundo uma espada de Vingança,
com chamas que enchessem o coração dos fracos de medo, de pavor, de arrependimento.
E que queimasse, pele e carne se unindo, derretendo em um mar de sofrimento e desespero...
Queria um deus que dobrasse ossos sobre o mundo, cujo olhar fizesse a terra chorar de dor.
Queria um deus cuja passagem trouxesse um fim rápido a tamanha tolice.
Queria um deus que nos limpasse logo da face da terra.

Essa palavra fica ecoando na minha cabeça...
eu não consigo evitar...
Extinção, extinção...
É como uma música, uma luz no fim do túnel, uma fagulha de esperança.
É como uma solução...

Mas meu deus não é o deus que eu quero.
Meu deus faz tudo pacientemente, quase que como um sádico, zombando da minha vontade.
Mas eu sei que não é verdade, ele não liga para mim.
Meu deus não liga para nada disso...
Não é uma força.
Meu deus não é assim.

Mas o caminho está traçado.

Lentamente.

Eu consigo ouvir o canto dos anjos, o caminhar rumo ao abismo.
É lento, mas eu consigo ouvir.
Nada me dará mais prazer.
Cada gene anulado, cada estupidez e prepotência
extinguidas.
É o que eu mais quero.
Ouvir o ranger de dentes, o suave som do quebrar de ossos.
Ver olhos fora das órbitas, cérebros derretidos derretendo.
Ver pedaços de carne sendo arrancados,
víceras sendo extirpadas...
ver cabeças rolando,
sangue irrigando os secos desertos do mundo,
fazendo chover vermelho por meses e anos à fio.
Mas não vai acontecer.

Não assim...

Isso vai ser lento e silencioso,
indolor.
Limpo como um corte seco de papel na pele.

Não vai haver um mar de sangue, gemidos e gritos, pedidos e desespero.

Não... isso vai ser algo gradual, sem ossos se quebrando no processo.
porque meu deus não é o deus que eu quero.

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Atenciosamente, Chakal.