O sangue dos outros...

Esse gosto em sua boca...
Você sabe qual é,
Você o sente sua vida toda.

Isso mesmo,
Mas calma, não se assuste,
Respire
...
Esse cheiro?
Você conhece,
Seus sentidos se deleitam, não?

Vá em frente,
Olhe em volta,
Olhe seus amigos,
Todos iguais a você.
Eles também sentem.
O gosto,
O cheiro,
O prazer.

Esse é seu banquete
eles são seus convidados.
Aproveite!
O jantar é servido,
Corações e carnes,

Isso mesmo!
Você crucificou-os,
Pendurou-os como porcos,
Os prendeu em ganchos,
Os perfurou toda a carne.

Os fez sangrar...

Mas você não os matou,
Nunca!
Você não é um animal.
Diga isso a você mesmo.
Cante isso em sua mente.
Você não os matou!
Você apenas observou,
Sentou e assistiu,
aumentou o volume
e salivou em êxtase.

Vocês comeram da tua carne,
Vocês beberam do teu sangue,
E abstiveram-se da culpa,
Montaram seu reino com teus ossos,
E choraram sobre teus túmulos.


Vá em frente,
Diga que você é diferente,
Diga que estou mentindo.
Vá para sua casa,
Durma o sono dos justos.
Enquanto os justos não dormem,
receiosos da morte...