Porque, no final das contas, os idiotas são vocês, somos nós, que queremos discutir política sem saber de economia, sem saber o que é imposto, inflação,PIB... idiotas por acreditar que algo é de graça, que esse ou aquele não são corruptos, que o país precisa de um pai ou uma mãe, que o meu candidato é melhor que o seu, idiotas por duvidar tão veemente de uma fonte de notícias, mas acreditar logo em seguinda em outras 30 que te agradam, e pior, acreditar no que o Governo, de todas as fontes, te diz. Idiotas por acreditarem que as pessoas precisam ser guiadas no que fazer com o próprio dinheiro, que imposto pra serviço público beneficia pobre, que cachorro é melhor que gato e que liberdade individual só é importante quando é o que você aprova.
"[...]
ResponderExcluirA liberdade de mercado permite que você aceite os preços que lhe são impostos.
A liberdade de opinião permite que você escute aqueles que opinam em seu nome.
A liberdade de eleição permite que você escolha o molho com o qual será devorado."
Eduardo Galeano
Eu realmente me questiono do quão válido é o acesso à informação quando não se tem preparo pra lidar com ela. Não quero parecer elitista, é muito bom que a internet deixe tudo cada vez mais ao alcance de todos, mas também é muito mais fácil que as pessoas se manifestem/posicionem apenas por convenção, sem dar a devida atenção e a devida reflexão àquilo sobre o que opinam.
O maior problema do Brasil, ao meu ver, é nossa necessidade de pais, pessoas que agradem pelo exterior. É só ver como se gostava do Lula por ser carismático, e como se prefere agora o Aécio por "falar muito melhor". O papel de um presidente não é ser legal, mas nós continuamos a escolhê-los como quem escolhe a próxima capa da Capricho, como quem escolhe um ídolo pra se identificar. O papel de um governante qualquer é governar, atender às necessidades da população, e mediar seus interesses para que as liberdades não se firam umas às outras. Mas nós ainda somos filhos da colonização: precisamos de pais.
Outra coisa que me incomoda muito é que, apesar de só falarmos de "corporativismo" entre médicos, na hora do voto nós vemos como ele existe em todas as categorias. As pessoas dizem que não vendem seu voto, mas na hora de escolher, vão votar em quem beneficia seu próprio bolso, e não quem beneficia os interesses mais gerais do país.
No Brasil, é tudo muito pessoal, as pessoas se apaixonam demais, ao invés de votar com a lógica. Se bem que, no fundo, não tenho certeza se existe alguma lógica sobreviva até o fim de uma análise profunda do nosso cenário político.
PS: Já leu Ensaio Sobre a Lucidez, do Saramago? Eu voto para que todos tenhamos daquela cegueira branca...