"Quando sua realidade particular é desafiada, ela cede à verdade."

What if I say I'm not like the others?
What if I say Im not just another one of your plays?
What if I say I will never surrender?

domingo, 1 de abril de 2012

All the Love in the World

Tive uns 6 textos prontos na cabeça e discutidos comigo mesmo para escrever, e não escrevi nenhum. Obviamente que eu esqueci todos. Aqui vai um que ainda precisa ser lapidado mas eu preciso escrever algo.


---------------------------------

" E como você se sente com relação à morte do seu parceiro?"

Como eu me sinto? Eu não sinto nada. A única coisa que eu sinto é raiva por não poder matar o filho da puta mais uma dúzia de vezes.

"Eu entendo se você não quiser falar sobre isso."

Sério, que diabo faz um psicólogo?
Se eu contasse tudo que aconteceu aqui, ele me internaria? Mandaria me prender? Ou será que não? Será que tratar pessoas doentes seria um absurdo? O que será que esse cidadão pensa das coisas que eu faço? Quantos tiros esse cara já deu? Será que ele diria que eu sou louco?
Com certeza muitos de vocês eventualmente dirão isso de mim.
E isso me incomoda. Não é nada grave. Não me incomoda como quando você cai de um prédio de sete andares e suas pernas vão parar na sua nuca, quebradas, sua patela exposta a uns três metros do seu local de repouso e com a cartilagem do seu joelho irrigando o chão a sua volta. Não...
Me chamarem de louco incomoda do jeito que um pernilongo te incomoda quando você tenta dormir. Não é nem pela picada. Sugasse a porra do meu sangue todo, mas fizesse em silêncio. Esse maldito zunido de tempos em tempos perto do ouvido... Não é um grande incômodo, mas você daria a alma de um tio ou um primo de segundo grau para parar o zunido.
Eu sou tão são quanto as coisas que eu já vi e fiz me permitem ser. E meu desempenho é bem satisfatório comparado com a população média quando exposta a tripas, miolos e um pouco de sangue aqui e ali.
Eu não tenho vocação, mas se eu fosse professor, eu colocaria na tabela diária educacional uma boa dose de violência. Coisas rotineiras, vítimas de acidentes de carro em meio as ferragens, atropelamentos, ferimentos a bala, esfaqueamentos e um ou outro caso raro de necrose por Krokodil. Já viram essa merda? Joga no Google. Se você acha que o ser humano tem um pingo de senso para controlar álcool, cigarro e drogas, veja a que ponto a estupidez humana pode chegar. Hey, não que eu esteja julgando alguém. Cada um com seus vícios.
Mas voltando à violência para menores... Eu gostaria que as pessoas tivessem doses diarias de esfolamentos na tv. Pessoas arrastadas por carros sobre asfalto e pedras. Modelos de biquini terem suas tripas arrancadas com um facão ao meio dia. Queria ver um lutador profissional trancado em uma jaula com um urso pardo. Queria ver o efeito de um tiro 44 entre os olhos de um adulto crescido antes de dormir, 7 ângulos diferentes, câmera lenta e comentários esportivos sobre o ângulo dos miolos e olhos. Ver um pneu de trator ser catapultado contra uma velhinha nos seus 80 e poucos. Queria ver um universitário classe alta ser colocado em meio a uma roda de jovens neo nazistas do subúrbio e ser devidamente espancado até seu rosto inchar e substituir seus lábios por bolhas de sangue. Queria ver filhotes de panda e cachorrinhos colocados pra nadar em um tanque com tubarões e crocodilos. Queria ver crianças órfãs sendo entregues em lares de estupradores com cobertura 24 horas na tv, prova de resistência e tudo mais. Queria ver vários casais amarrados a botijões de gás aos milhares enquanto seus filhos são armados com lançadores de granada e forçados a atirar contra seus progenitores. Quero ver crianças de seis anos munidas de garfo e faca trancafiadas por meses com seus pais amarrados com cordas de aço, sem comida por todo esse tempo. Queria ver bebês devorando seus pais como aranhas recém-nascidas.
Queria ver pessoas sentadas ao sol enquanto explosões espalham pedaços de gente, tripas e merda por toda a praia. Eu quero verdade, impacto, miolos, sangue, decapitações, mas não como em filmes de terror adolescentes. Quero pessoas agonizando enquanto sua voz muda de tom conforme sua garganta ganha uma nova saída de ar. Eu quero o desespero de pessoas implorando por suas vidas ao vivo para todo o país, correndo sem um braço de uma matilha de hienas. Quero donzelas apaixonadas assistirem seus amados serem devorados por lobos separados apenas por uma parede de vidro transparente e anti-reflexo. Eu quero que transmitam quanto tempo uma pessoa demora para morrer. Não essa historinha de filme onde as pessoas simplesmente caem mortas. Não, eu quero o negócio todo. Pedacinho por pedacinho arrancado. Já imaginou quanto tempo levaria para uma pessoa falecer sendo devorada viva? Quanta dor uma pessoa não experimentaria com seus tendões sendo arrancados em meio à carne, mordida após mordida?
Melhor ainda. Pense no desespero dentro da cabeça dessa pessoa, ao ver seu corpo se desfazer, cercada pelos seus futuros assassinos? O medo da morte crescendo. A certeza. A escuridão opressora se formando enquanto você olha uma extremidade sua que nunca mais estará lá ser feita aos retalhos por uma força muito maior que você, seja uma besta selvagem ou um tiro bem dado. Já imaginou resistir à dor ardente de uma perna mutilada enquanto nada desesperadamente em um oceano de escuridão sem saber que monstros habitam o infinito que se estende sob seus pés enquanto seus amigos são despedaçados a sua frente? Eu quero ver uma modelo em lingerie morder firme o meio fio e ter sua cabeça pisoteada pelo coturno de um skinhead.

Eu quero ver o belo ser destruído, massacrado ao pôr do sol.
Quero ver o ser humano buscando ar segurando o sangue que jorra de sua garganta aberta.
Eu quero ver quanto tempo sua sanidade resistirá.
E mais, eu quero ver quanto tempo você olhará para o lado sem interesse, e em quanto tempo se juntará à orgia.
Eu quero as pessoas sob pressão.
Quero loucura nas ruas, fogo por toda parte, gritos, gemidos e gargalhadas.
Eu quero as pessoas contra o muro, quero seu eu verdadeiro vagando por aí em busca de um pouco de carne para o bife do almoço.
Eu quero ver a sua verdadeira face.

Eu não vi o suficiente para enlouquecer. Mas já vi o suficiente para sentir o peso nos olhos de uma pessoa prestes a morrer. E já puxei o gatilho vezes o bastante para sentir o fardo de uma execução nas noites em claro, e vezes o suficiente para apreciar o desespero da vítima e dormir feito um bebê depois de um dia animado. E vão me dizer que eu estou louco? Só eu que vi o que vi, vivi o que vivi e passei o que passei para saber se estou ou não louco. Eu, e não a porra de um psicólogo que nunca esteve em campo na vida. Ao menos não armado e vestido com um alvo na porra do peito.