"Quando sua realidade particular é desafiada, ela cede à verdade."

What if I say I'm not like the others?
What if I say Im not just another one of your plays?
What if I say I will never surrender?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Der Growl to grow up.

Estamos nós no início de nossas vidas, aos nossos poucos anos de idade e nossos pais nos dizem o quão brilhante somos e ainda seremos. E antes disso nós comemos e dormimos e comemos e dormimos e defecamos e comemos e dormimos, e mesmo assim nós somos diferentes dos demais animais, e mesmo dos demais humanos.

Estamos nós crescendo e aprendendo uma quantidade infinita de coisas e o mundo mesmo assim soa tão pequeno, tão limitado. E nós estamos aprendendo a falar, e a andar, e quando menos percebemos estamos cercados de amigos que devemos fazer e ter, e crescemos. E quando menos percebemos estamos em uniformes, sentados e aprendendo todo o conhecimento que a nós é disposto, e nós nem ao menos sabemos porque. E nós aprendemos, a ler e escrever, mal seguramos um lápis e nós aprendemos. E mentem, nos dizem como somos especiais, quando na verdade mal somos. E nos dizem que desenhamos bem, que somos inteligentes, que sabemos muito, que somos bons em matemática e português, e amarrar um calçado exige memorização e esforço.

E nós crescemos, e somos cercados de amigos, mas as coisas soam um pouco diferentes agora. Às vezes alguns sofrem, e colegas de aula parecem inimigos, muitas das vezes a maioria deles. E eles são inimigos que te humilham, humilhação gigantesca para aquele pequeno universo em que você vive. E é aqui que o caminho se bifurca pela primeira de muitas vezes. É aqui que alguns se tornam algo que ainda não sabem, ou continuam sendo o motivo de diversão de terceiros, mesmo se aborrecendo. E a vida segue.

E crescemos, e as pessoas vão e vem em nossa vida, e os amigos que nos lembraremos quando fomos pequenos desaparecem e se tornam estranhos, e alguns não. E não interessa, porque se o caminho que nós escolhemos foi nossa própria escolha nós continuamos alvos, e senão, nós somos os atiradores, e esse ainda não é o momento de atirar. E a vida cresce um inferno. As pessoas por quem nós achamos ou nos interessamos não se interessam por nós, e quase todas as nossas escolhas estão erradas porque nós ainda não pensamos, não agimos, nós só fazemos. E a vida continua, e nós temos nossos amigos, bons, alguns menos, outros mais, e eles são alvo, ou se tornam atiradores, e é aí que tudo começa de verdade. Ainda não é hora de atirar, mas nossos amigos vão nos dizer que sim, e que é hora de ser um grupo, ter uma namorada bonita e popular, e inteligente, não que nós saibamos o que é isso além de uma nota na escola. E os professores vão gostar de nós, e nossos colegas vão nos odiar, e então nossos amigos terão razão e está na hora de atirar. E é aí que nós escolhemos pela segunda ou terceira vez, e é aí, pelos 11, que nós seguimos pelo caminho que não mais importa. Ou não, ou nós continuamos a ser o alvo. E é aí que importa.

Nós crescemos, e continuamos sendo o alvo, mas nós podemos ter sorte, achar uma companhia além dos amigos, ou seguir sozinho, e as coisas que nós dizíamos nunca fazer começam a ser feitas por nós, e escondidos, porque é preciso provar aos outros o que somos, e que somos grandes, nós precisamos sentir e provar que somos grandes. E é aí que a escolha já foi feita e o caminho foi trilhado, e então tudo fez sentido e seremos todos idiotas eternos, e é esse o caminho que todos tomam. Todos menos os alvos, que continuaram. E é a esse que interessa.

Porque o alvo está crescendo onde os outros não crescem, mas ainda não é a hora.

As coisas que dizíamos erradas quando criança pareciam erradas porque nosso mundo era curto, e nós achamos que não passava de besteira. E então eramos crianças, e não mais somos, não porque realmente éramos, mas porque todo mundo dá as mesmas desculpas para as besteiras que se faz, porque quando éramos crianças não tínhamos desculpas para as coisas, então o certo e o errado não tinham essa neblina de desculpas e teorias que têm hoje, e era fácil discernir.
E a maioria já se foi.

Restam apenas alguns. Mesmo nossos amigos não estão no mesmo caminho que nós, eles não nadam mais contra a correnteza como antes e eles não são bem o alvo. Eles podem não ser os atiradores de ponta, mas os alvos não.

E nós crescemos, e ao sair para sempre da escola, nós escolhemos nosso próprio caminho, mas os outros estão em um só, e nós estamos sozinhos. É melhor correr para eles, então essa é a última escolha errada, quando todas as coisas que criticamos nos parecem boas porque todos fazem e se divertem, e então não interessa mais, porque mesmo sem esses colegas, nossos novos de faculdade ou de trabalho nos fazem sermos o que lutamos para não ser: os outros. E como eu disse, não interessa mais, então o outro caminho...

Nós crescemos, e a essa altura, nós não mais teremos colegas. Nossa vida de infernos inúteis vai parecer tão pequena se tivermos escolhido nosso próprio caminho que as pessoas vão ficar para trás como seres pequenos, em seus mundos medíocres. E então suas escolhas antes tão julgadas e erradas vão lhe parecer certas, e então você não precisa mais tremer ou se jogar ao vento dos outros. Você é seu próprio furacão.

E então de onde nós estamos nós podemos atirar, porque nós estamos sobre toda a pilha que nós construímos, contra todo o lixo, sobre nossos próprios ideais nós nos erguemos e agora não podemos mais ser alvo, senão de outros como nós. E é agora que nós atiramos, agora que estamos alto e nós podemos ver os outros tão pequenos e medíocres. Agora é fácil disparar e acertar sem medo, entre os olhos daqueles que não enxergam.

Porque agora, eles são os alvos.



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E "nós" pode ser só eu, ou não. Mas ao final de tudo, se você é você e não outro, terá valido a pena, e alguém vai lhe alcançar e ser uma companhia, porque é difícil chegar ao topo, mas é fácil avistar a verdade quando se está acima da neblina das desculpas e teorias de todo mundo.

"1,000,000"

Kind of hard
Hard to see
When you crawl
On your hands and your knees
With your face
In the trough
Wait your turn
While they finish you off
Don't know when it started
Don't know how
Should have found out
Should have happened by now
Got these lines
On my face
After all this time
And i still haven't found my place

I jump from every rooftop
So high so far to fall
I feel a million miles away
I don't feel any thing at all

I wake up
On the floor
Start it up again
Like it matters anymore
I don't know
If it does
Is this really all
That there ever was?
Put the gun
In my mouth
Close your eyes
Blow my fucking brains out
Pretty patterns
On the floor
That's enough for you
But i still need more

I jump from every rooftop
So high so far to fall
I feel a million miles away
I don't feel any thing at all


Boas festas a todos, e até minha volta de férias.
Atenciosamente, Chakal.

9 comentários:

  1. foda.
    e é exatamente isso.
    e hoje, acho que sou a companhia.

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  2. texto impressionante
    as vezes acho que consigo trilhar o caminho até poder atirar nos que estão embaixo, as vezes fico tentada pelo caminho dos "outros"
    uma hora eu descubro no que dá.
    Boas festas e férias Chakal.

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  3. Só lembrando que voce me mandou o link um pouco antes da ceia se nao me engano, e depois dela eu tava bem ocupado digerindo os quilos de comida, mas tudo bem. uahAUuha
    Vamos à paçoca. Gostei, embora as dicotomias me incomodem, algumas delas oferecem visões momentaneas boas da realidade. Um atirador e um alvo é uma delas. Quase chuto que voce leu algo do Nietzsche pra escrever o texto, mas assim como eu já escrevi conceitos sem ler esses caras eu sei que voce tambem é perfeitamente, se nao for mais, capaz de faze-lo tambem. Já diria Samuel Rosa: "os filosofos nao dizem nada que eu nao possa dizer".
    De fato quando certas preocupaçoes futeis deixam de ocupar espaço nas suas atividades, tanto mentais como cotidianas, certas coisas, açoes e crenças se mostram claramente como um puta desperdicio de energia, e nos resta usa-las como alvo.
    Até porque martires são fascinantes por virem a unica salvaçao de seus atos contra as injustiças do mundo no ato de retirar (ou DEIXAR retirarem, que dá na mesma) a propria vida. Assim não terão que gastar energia provando que o que falavam e faziam realmente eram validos e de quebra botam o nomezinho na historia, que é escrita baseada em fatos que nao ocorreram por pessoas que nao viram acontecer, não é mesmo?
    Muito comodo, obrigado. E antes que meu sofrimento pela fome que eu estou sentindo agora se transforme num martirio rumo a salvaçao da minha alma, vou ali preparar um pãozinho.

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  4. Achei muito bom.Senti uma identificação pessoal com algumas coisas. Muito profundo,parabéns!
    abraço

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  5. nossa,chorei com esse texto *-* incrivel,parabéns. Se puder dar uma pssadinha no meu blog,fico grata! Beijos no coração *

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  6. eu confesso que não li seu texto interiro.Mas eu vou comentar a parte que eu li:

    *Por mais que a gente aprenda,mais a gente sabe que tem que aprender;

    *tem amigos que são flechas e "amigos" que são atiradores de flechas,em nós;

    *nossa percepção do mundo muda quando crescemos;

    Espero que meu comentário seja satisfatório

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  7. Obrigada por passar no meu.
    MUITO bom seu blog,
    Eu voltarei :)

    beijo.

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