"Quando sua realidade particular é desafiada, ela cede à verdade."

What if I say I'm not like the others?
What if I say Im not just another one of your plays?
What if I say I will never surrender?

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Chapter One

Esse texto seria o capítulo 1 daqueles dois outros textos de ficção focados naquele policial que eu escrevi, que do primeiro até gostei, e que com o segundo tenho vários problemas, ou ao menos tinha, antes de escrever esse. Eu precisava revisá-lo e sintetizá-lo bastante. Ele está desconexo e sem ritmo, mas eu precisava mais do que isso postar algo, então aí está.
Também estou postando os dois outros caso alguém não tenha lido e queira ler após esse.
Desculpem a péssima qualidade.

http://dasheulen.blogspot.com.br/2012/04/tive-uns-6-textos-prontos-na-cabeca-e.html

http://dasheulen.blogspot.com.br/2011/11/remains-dead.html

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Eu acordo.
Minha cabeça parece pesada. 
É como se um bando de 'ninguéns' tivesse me derrubado a pauladas e me chutado repetidamente.
Oh, acabei de me lembrar, eu fui mesmo.
Sabe aqueles dias em que você acorda com o hálito tão ferrado que só de sentir o gosto dele dentro da sua boca já te dá náuseas? Acordar com o cheiro de uma sala banhada a alvejante é basicamente a mesma coisa, com a exceção de ser pior. 
Meu corpo inteiro dói, e meus braços estão dormentes, provavelmente por que minha idade já não é mais a mesma de 10 anos atrás. Outro bom motivo pode ser o fato dessas correntes que unem gentilmente minhas mãos estiradas acima da minha cabeça. 
Eu não consigo sentir muito bem o meu corpo. Tem um desconforto gigante em não saber se suas pernas e braços estão dormentes ou permanentemente paralisadas pelas carícias de seus agressores. Eu consigo mexer uma outra coisa, mas não consigo sentir nada perfeitamente em meio à quantidade de dor espalhada uniformemente em mim.

Minha visão demora um pouco a se adaptar à escuridão da sala. Maldita rodopsina.
Rodopsina haha, é engraçado. Porque pensar em algo do tipo quando os próximos instantes prometem ser os últimos da sua vida, e você tem aquela sensação forte de que eles serão recheados de dor? Lembrar do colégio agora não vai ajudar muito.
Eu ouço o som de algo de metal batendo em algo de metal. Esclarecedor não?

Mas assim que consigo colocar meus olhos no sujeito percebo que se trata de um pé de cabra batendo no corrimão da escada enferrujada de canos soldados que provavelmente dá no andar inferior de uma fábrica velha ou algo do tipo. As prefeituras do mundo todo deveriam obrigar qualquer fábrica, depósito ou galpão a implodir sua infraestrutura quando elas declaram falência ou coisa do tipo. Quantos corpos, sequestros, espancamentos e assassinatos não acontecem nesses lugares? Parece ser a última moda para os serial killers, e está por toda parte. Mas bem, fora as leis imobiliárias deficientes, minha situação também não é das melhores, e o pé de cabra aumentando de tamanho rapidamente na minha direção não parece um sinal de qualquer melhora, e ...

Calma...

Antes disso, tem algumas coisas que eu acho bom esclarecer. 
A primeira delas é que, como podem ver, eu sou a próxima vítima de um canalha que não gosta nem um pouco de mim. E eu digo próxima porque esse cara já matou uma quantidade considerável de vezes. Mas nós falaremos dele posteriormente.
A segunda coisa é só um pedido de desculpas. Eu sei que os flashbacks estão em moda e foram amplamente utilizados, muitas vezes de modo ridículo e ineficaz pelo cinema e literatura das últimas décadas.
Mas ainda tem algo de bacana em contar algo, cortar em um ponto crítico como, digamos por exemplo, um pé de cabra vindo em sua direção, e voltar contando a história até ali. Tem algo de muito legal naquele momento em que você diz, "AHÁ! Então é aqui que tudo começou". Posso estar enganado, mas se estiver, agora é tarde. Então é isso, mantenha na cabeça o pé de cabra ensanguentado vindo em minha direção, e voltemos um pouco na história.

Eu trabalho para a força policial de uma cidade grande. Não interessa qual. Toda cidade grande é igual.
Ela respira do mesmo jeito em qualquer lugar do mundo. As pessoas adoram camisetas com "I Love NY" ou qualquer outra grande cidade do mundo, mas na verdade elas não amam esse lugar. Ninguém ama um lugar pelo simples fato de um lugar ter uma infinidade de pessoas de todos os tipos, e de ter todo tipo de lei, idiota ou não, sendo regida por pessoas, algumas idiotas, outras mais idiotas ainda. Toda cidade grande consiste da mesma coisa, um bando de prostitutas, grátis ou pagas, de cachorros em busca de procriação, ratos gigantes, jacarés de esgoto e merda, uma grande e odorosa pilha colossal de merda. É disso que toda cidade consiste. Dubai, Tokyo, Nova York, São Paulo, Cidade do México, toda cidade grande é a mesma.
E a vida de todo policial em uma dessas cidades também é a mesma. Você aborda cada carro à espera de um tiro, e tem atrás de si toda uma fauna de desgraçados te odiando. Traficantes, prostitutas, usuários, desmontadores de carros, assaltantes, políticos, civis e ativistas, todos esperando uma única chance de arrancar fora seu couro.

Cidades grandes respiram e cagam do mesmo jeito em qualquer lugar do mundo. E a merda delas vaga pelas ruas. Os grandes pensadores adoram dizer que a cidade oprime o coletivo, tornando as pessoas cada vez mais solitárias. Sabe essa merda que poetas de botequim adoram recitar para se sentirem especiais, parte de algo maior? Pois bem, essa baboseira cai por terra no instante em que você se coloca de fora dessa massa que se arrasta pelas ruas movimentadas de uma grande cidade.
Você vê todo tipo de lixo vagando por aqui, mas nada, NADA, é pior do que ver esse tipo de lixo em grupo. Seja um grupo de mulheres tagarelas e sorridentes, seja um bando de mendigos em frente a um supermercado de quinta, seja um emaranhado de playboy's bombados desfilando com suas camisetas coladas e seus peitos depilados. O coletivo não ajuda em nada. Na polícia nós recebemos treinamento extensivo sobre como lidar com grupos de pessoas, sobre o que fazer e o que não fazer, e sobre as atitudes típicas de idiotas em grupo. O coletivo não serve para nada. Ele engole o indivíduo e transforma qualquer pessoa com discernimento em um babuíno imbecil. As qualidades pessoais, os medos e o raciocínio são substituídos pelo caos, a desordem e a inconsequência. A explicação para isso é bem simples. Já viu essas brigas de grupo, revoltas, confrontos entre policiais e estudantes, torcidas organizadas e coisas do tipo? Não precisa muito tempo para um idiota arremessar um tijolo em uma situação dessas, e esse idiota jamais arremessaria um tijolo contra mim se ele estivesse sozinho. Ele levantaria os braços, colocaria as mãos na parede e aceitaria feliz da vida uns chutes nas pernas por ser um completo retardado. Mas em grupo, todos são predadores. O grupo tira o sentimento de culpa, dilui ela entre o grupo, e trás a inconsequência. Massas inteiras são capazes de matar pessoas sem sentir a culpa que sentiriam ao fazê-lo individualmente. E é para isso que inventaram a metralhadora giratória m134 e o o lançador m79. Controle de massa é algo necessário como higiene bucal pela manhã. É esse tipo de comportamento que me enche de esperanças da catástrofe e colapso da nossa sociedade.
Ao menor lampejo de uma ação que não tenha consequências e repressão o ser humano se torna um animal, agindo sem raciocinar. Por mais falhas que sejam, as leis são a única coisa que impedem certos caras de estuprarem, matarem, roubarem e pegarem o que querem. É o que me impede de entrar em um shopping cheio e descarregar toda a munição possível, idosos, mulheres e crianças primeiro.


A minha humilde concepção diz que cada cabeça humana nesse mundo merece uma bala alojada em algum ponto da vida, mas quanto mais cedo melhor. Infelizmente a organização para a qual eu trabalho discorda disso. Nossa função primária é coibir ações criminosas pela simples presença. Na minha cabeça coibir um crime deve envolver ao menos 6 disparos em uma caixa torácica suspeita entre as vielas B e a 44.
Mas onde foi que paramos? Ah sim, o pé de cabra. Mas tem mais coisas a serem ditas antes. Nesse ritmo sua bunda gorda vai ficar presa nessa cadeira, e sua mão esquerda vai se juntar permanentemente a esse seu queixo disforme. Mas bem, eu dizia...






7 comentários:

  1. uou. demais. continua, por favor.

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  2. Curti demais, e é sim uma continuação avançada e melhorada (não desfazendo das outras, JAMAIS!), mas assim como os outros ficou muitoo bom mesmo.
    :D

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  3. Cade o resto? Filho da puta inconsequente de merda.
    Você acha que só porque o blog é seu você tem direito de escrever um texto ATE LEGAL sem um final de verdade e depois sumir? Vá a pqp!
    É por isso que o mundo tá assim, cheio de vagabundos sem mais o que fazer que nem você.

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  4. Squall larga de ser agressivo e aguarde o suspense que é bom. hahaha

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  5. Mais ou menos assim: não dá pra esperar três meses. rs
    Fantástico!

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